O arcebispo Don Pedro Muniz, que exerceu seu cargo entre 1205 e 1224 teve a fama de polemista ativo, capaz de discutir com o esplendor da alma.
Na época ganhou o título de necromante, porque era devoto das artes mágicas tanto como de Santiago.
Disseram que ele andava buscando a pedra filosofal entre os muros e símbolos que povoam a catedral e sabe-se que, encontrando-se em Roma para encontros com o Papa Inocêncio III, de quem era muito amigo, sentiu saudades de sua Compostela quando chegou à época do Natal. E pelo teto da basílica aterrissou em sua cadeira quando todos os aldeões e cônegos já estavam a cantar os madrigais. Todo clero ficou incapaz de reagir diante do prodigioso ato de seu arcebispo.
Por sua fama de bruxo o Papa Honório II o obrigou a reclusão no Convento de São Lourenço.
Porém não impediu que os cônegos reservassem a ele aquele posto de honra na hora de sua morte, de maneira que sua tumba de bronze fosse a primeira que o peregrino percebesse quando entrasse na catedral pelo pórtico da glória.
E sua magia foi bastante piedosa para conciliar a devoção com os saberes que a igreja considerava condenáveis e, com toda segurança, aquele voo nostálgico que empreendeu a Compostela, cruzando o mar e percorrendo o Caminho em uma noite para chegar a tempo de cumprir com seus rituais natalinos, e ganhou o respeito e a simpatia da mesma igreja que condenava suas práticas.
Portanto ao entrar na catedral de Santiago, em frente à imagem de pedra que representa Mateus preste atenção a uma lápide de bronze dourada que assinala a sepultura do arcebispo Dom Pedro Muniz, o Bispo Bruxo.
Certamente prestarei atenção na próxima vez que entrar na Igreja de Santiago. Mistérios do caminho!
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