E, mais uma vez fechamos
um ciclo em nossas atividades cotidianas aonde a nossa alma peregrina permanece
atenta aos sinais que colhemos ao longo do nosso caminhar a Santiago de
Compostela, e também em nossas vidas do dia a dia.
A cada ano surgem novos caminhantes,
e muitas mudanças de comportamentos, e de julgamentos sobre a espiritualidade
de um caminho que é de todos.
Não adianta ficarmos
procurando quem seria o dono da verdade, pois não o encontraremos.
Cabe então a nós dentro de
nossa possibilidade, falar menos e caminhar mais, e bem atentos aos sinais que
são apresentados a cada um de nós.
Todos terão a sua história
pessoal para divulgar, ou não, sem a necessidade de julgar os comportamentos
alheios de uma forma política do momento.
E haja histórias para
contar e reflexionar ao longo de caminhos a Santiago de Compostela.
Às vezes em um lugar
desprovido de atrativos é que surge um fato marcante e pessoal.
O fato marcante que vou
relatar do meu caminho de 2014 não ocorreu em um lugar isolado ou sem
atrativos.
Aconteceu em Cáceres uma
grande cidade histórica da Espanha, e por onde passa a Via de La Plata rumo a
Santiago de Compostela.
Naquele dia necessitava
despachar pelos correios uma caixa volumosa de quase 15 quilos.
A distância do hotel aos
correios era considerável, e na parte antiga da cidade estava difícil encontrar
um táxi em uma manhã fria e chuvosa.
Queria chegar ao correio
logo na sua abertura e aproveitei uma estiada da chuva para seguir a pé com a
volumosa caixa.
Logo na saída do hotel
apareceu um trabalhador de rua com um carregador de volumes.
Uma pessoa sorridente e
muito falante que me ofereceu o seu transporte de volumes. O interessante é que
ele não se prontificou a carregar a caixa. Ele estava me emprestando o equipamento
de transportes.
Fez questão que eu
colocasse a caixa no local de transporte, e o deslocamento pela cidade seria
feito por mim.
E lá fui eu carregando a
minha tralha na direção do correio, e ele acompanhando ao lado, pelas ruas
movimentadas de Cáceres.
Era uma pessoa conhecida,
pois de vez em quando cumprimentava um ou outro de forma cordial e sorridente.
Algumas pessoas ficavam
surpresas de ver aquela cena incomum de rua.
Ao final fez questão de ir
até ao interior da oficina dos correios.
Ele, antes que eu fizesse
um gesto de retribuição em dinheiro, balançou negativamente a cabeça e me
falou.
Eu o ajudei porque me faz
bem em ajudar as pessoas. E completou o seu pensamento. Fazer o bem sem ver a
quem.
Deixo aos amigos as
palavras do carregador de volumes de Cáceres.
O fazer o bem mesmo sendo
da forma mais simples, e sem ver a quem será o beneficiado.
Que tenhamos um Natal
peregrino de paz e que caminhemos para mais um ano em que possamos ter a oportunidade
de ser feliz na ajuda ao próximo.
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